Ásia se destaca em tokenização e atrai investimentos globais
A Ásia está ganhando destaque no cenário da tokenização, chamando a atenção de investidores do mundo inteiro. Com uma regulamentação mais clara, a região tem conseguido atrair capital que antes ficava à margem, conforme explica Maarten Henskens, chefe de crescimento de protocolo no Startale Group. Ele menciona que instituições ocidentais estão estabelecendo operações na Ásia-Pacífico não só na busca por investimentos, mas também para se envolver em inovações.
Henskens também comparou as abordagens de Japão e Hong Kong em relação à adoção de ativos do mundo real (RWA). O Japão, por exemplo, tem se mostrado cauteloso e visionário ao criar uma base sólida de confiança institucional. Um exemplo disso é a infraestrutura do MUFG, que facilita a emissão de tokens de segurança, mostrando como o ecossistema está se desenvolvendo.
As regras no Japão, como a Lei de Serviços de Pagamento (PSA), permitem que stablecoins mantenham uma parte significativa de suas reservas em títulos públicos de baixo risco, o que demonstra uma busca por regulamentações mais equilibradas. Já Hong Kong tem adotado uma postura mais ágil, introduzindo o Ensemble Sandbox como um centro de inovação regulatória. Henskens acredita que, enquanto o Japão investe em estrutura a longo prazo, Hong Kong está mostrando como a agilidade pode dar vida à experimentação.
Títulos tokenizados e ETFs impulsionam a adoção
A popularidade dos títulos e ETFs tokenizados também está ajudando a atrair investidores mais tradicionais para o mundo das criptomoedas. No Japão, por exemplo, os tokens de valores mobiliários imobiliários estão tornando mercados que antes eram restritos acessíveis a investidores comuns, muitas vezes superando a oferta dos tradicionais J-REITs.
Esse modelo de tokenização facilita a administração de fundos e aumenta a transparência, possibilitando que gestores de ativos se conectem diretamente aos usuários finais. Essa eficiência, somada à maior clareza das informações, pode conquistar investidores que ainda estão receosos em entrar no universo cripto.
Henskens destacou que a interoperabilidade entre diferentes jurisdições é o próximo passo crucial. A movimentação contínua e regular de ativos tokenizados entre países será essencial para aumentar a adoção. Na prática, isso envolve conectar as infraestruturas do Japão e Hong Kong, ao mesmo tempo que as regulamentações globais precisam se adaptar às realidades das finanças tokenizadas, especialmente em termos de liquidação e custódia.
Impulso à tokenização em Dubai
Dubai também está se destacando na tokenização. As autoridades locais têm implementado estruturas progressivas para incentivar a emissão e negociação de valores mobiliários tokenizados, atraindo investidores e empresas de tecnologia financeira. Recentemente, a Autoridade Reguladora de Ativos Virtuais (VARA) de Dubai atualizou suas diretrizes para incluir regras voltadas à tokenização de RWAs.
A advogada Irina Heaver comentou que essas novas normas oferecem um caminho mais claro para emissores e exchanges que desejam lançar e negociar ativos imobiliários tokenizados. Um exemplo prático disso ocorreu no mês passado, quando o Departamento de Terras de Dubai, junto com a VARA, tokenizou e vendeu dois apartamentos, esgotando toda a oferta em poucos minutos. Notavelmente, 70% dos compradores eram novos investidores no mercado imobiliário da cidade, vindos de mais de 35 países.
Essa inovação em Dubai está criando um efeito de rede, como mencionou Henskens. À medida que uma região avança, outras também são incentivadas a seguir o mesmo caminho. As diversidades nas abordagens de cada local não são vistas como um problema, mas sim como uma força que pode impulsionar o progresso no setor.